OS
DEFEITOS DE UM TEXTO
Ambiguidade, obscuridade, pleonasmo,
cacofonia, ecofonia,
ecogronografia, ecogronofonia
Prolixidade,
arcaísmo, barbarismo,laconismo,neologismo e
solecismo.
Inúmeras
vezes, ao escrever, você deve ter tido as seguintes preocupações: esta palavra
se escreve com s ou com z? E esta é com x ou com ch? Será que esta frase ficou
clara? Será que não estou me estendendo demais sobre o assunto?
Ao
escrever, devemos evitar defeitos que podem prejudicar a compreensão do nosso
texto. A seguir vamos tratar de alguns defeitos que empobrecem o texto.
AMBIGUIDADE
Ocorre
ambiguidade (ou anfibologia) quando a frase apresenta mais de um sentido.
Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. É
considerada um defeito da prosa, porque atenta contra a clareza.
Veja agora alguns exemplos de frases
ambíguas:
João ficou com Mariana em sua casa.
- Alice saiu com sua irmã.
Nos exemplos acima, a ambiguidade
decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um
elemento. Portanto, muito cuidado no emprego desse pronome possessivo. Você
pode evitar a ambiguidade, substituindo o por dele(s) ou dela(s).
Ex.:
Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o empregado
e estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou
paciente).
* Uso indevido de pronomes possessivos.
A mãe de Pedro entrou com seu carro na
garagem.
De quem era o carro?
A
mãe de Pedro entrou na garagem com o carro dela.
*
Colocação inadequada das palavras:
Os alunos insatisfeitos reclamaram da
nota no trabalho.
Os alunos ficaram insatisfeitos naquele
momento ou eram insatisfeitos sempre?
Insatisfeitos,
os alunos reclamaram da nota no trabalho.
*Uso
de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante:
O aluno disse ao professor que era
carioca.
Quem era carioca, o professor ou o
aluno?
O
aluno disse que era carioca ao professor.
*Uso indevido de formas nominais
A mãe pegou o filho correndo na rua.
Quem corria? A mãe ou o filho?
A
mãe pegou o filho que corria na rua.
OBSCURIDADE
Obscuridade
significa "falta de clareza". Vários motivos podem determinar a
obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, má pontuação.
Principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o
provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso), o
parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as
circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as
construções intrincadas e a má pontuação. Observe:
Encontrar a mesma ideia
vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me
acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do
escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por
muito tempo.
*Caso do texto de Cicall Fleyble
PLEONASMO
O
pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um termo.
Veja:
Em
alguns casos, no entanto, o pleonasmo tem a função de realçar uma ideia,
torná-la mais expressiva; dessa forma, o pleonasmo deixa de ser um vício e
passa a ser uma figura de linguagem, um recurso estilístico.
Portanto,
torna-se necessário distinguir dois tipos de pleonasmo:
*Pleonasmo vicioso:
consiste na repetição desnecessária de uma ideia. Ex.:
subir
para cima, entrar para dentro, decisão unânime de todos, monopólio exclusivo
etc.
A
brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.
A
brisa matinal da manhã deixava-o satisfeito.
A
brisa do vento é tão suave!
Eu,
na minha opinião, acho que...
Não
podemos mais continuar fingindo...
O
boêmio voltou novamente.
Quando
amanheceu o dia...
Sem
exceção, todos compareceram.
Só
alguns, nem todos aqui trabalhamos.
Viva
intensamente, pois só temos uma única vida!
Vou
repetir mais uma vez...
Ele
teve uma hemorragia de sangue.
Voltou
a estudar novamente.
Ele
reincidiu na mesma falta de novo.
Primeiro
subiu para cima, depois em seguida entrou nas nuvens.
O
navio naufragou e foi ao fundo. Neste caso, também se chama perissologia ou
tautologia.
Convém notar, no entanto, que bons autores
costumam recorrer ao pleonasmo com função estilística, a fim de tornar a
mensagem mais expressiva. Nesse caso, o pleonasmo não é considerado um defeito.
Veja os exemplos abaixo:
"A
mim, ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa)
"A
ti, trocou-te a máquina mercante." (Gregório de Matos)
*Pleonasmo de reforço ou estilístico:
Camões, em Os Lusíadas (Canto V, estrofe 18), faz uso de um pleonasmo célebre
ao iniciar a descrição de uma tromba-d'água marítima:
Vi,
claramente visto, o lume vivo
Que
a marítima gente tem por santo.
Conforme
podemos perceber, o pleonasmo tanto pode ser um vício como uma figura de
linguagem; isto dependerá, sobretudo da eficácia e originalidade da mensagem.
CACOFONIA
A
cacofonia (ou cacófato) consiste na produção de som desagradável pela união das
sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra. Veja:
Nunca
gaste dinheiro com bobagens.
Uma
herdeira confisca gado em Mato Grosso.
Estas
ideias, como as concebo, são irrealizáveis.
Desde
pequenos, aprendemos que somos descendentes de Eva e Adão;
§
A vaca come capim-elefante e o touro só capim-canela;
§
Ele beijou a boca dela duas vezes seguidas.
§
“A caçada foi ruim: eu cacei um tucano e você um jacu. Vamos voltar! Você, que
sabe o caminho, vai à frente com o jacu que eu vou com o tucano atrás”,
§
“Maria, seja gentil, deixe o Paulo entrar”;
§
Bata com uma mão para mim, por favor;
§
Essa fadinha é querida de todos os garotos e garotas;
§
“O débito será dividido entre o trio: mil meu com mil de vocês dois”;
§
Não se preocupe, Maria, pois quando eu chegar, vou ligar lá em casa;
ECOFONIA Consiste
na repetição de palavras terminadas pelo mesmo som. Observe:
A
decisão da eleição não causou comoção na população.
Infelizmente
o aluno repetente mente alegremente.
É
muito comum, na socieDADE brasileira,
presenciarmos a incapaciDADE do homem em
resolver os problEMAS do ecossistEMA. Esse processo só será ultrapassado se
posicionarmos a resoluÇÃO na educaÇÃO dos futuros cidadÃOS.
Quando você perceber a rima entre os
vocábulos, não mantenha a estrutura. Para resolver, substitua uma das palavras
por um lexema semelhante. Ah! Chamamos de lexemas semelhantes o trivialesco
sinônimo. Exato. Permute uma das palavras por outra de sentido semelhante, mas
com término diferente.
Observe
as mudanças:
Ex:
É muito comum, no CONTEXTO brasileiro, presenciarmos a incapacidade do homem em
evitar os DESRESPEITOS ao ecossistema. Esse processo só será ultrapassado se
posicionarmos a resoluÇÃO no CRITÉRIO EDUCACIONAL das próximas gerações.
ECOGRONOGRAFIA:
é a repetição de palavras em um mesmo parágrafo ou texto.
ECOGRONOFONIA:
é a repetição de ideias no texto.
EXPRESSÕES
INAPROPRIADAS
Evite
a utilização de palavras terminadas em MENTE no texto. Devido ao uso constante,
a presença deles empobrece a redação.
PROLIXIDADE
A
prolixidade consiste na utilização de mais palavras do que o necessário para
exprimir uma ideia; é, portanto, o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar
"enrolando", "enchendo linguiça", não ir direto ao assunto.
O
uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo
tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo.
Expressões do tipo: "antes de mais nada", "pelo contrário",
"por outro lado", "por sua vez" são, muitas vezes,
utilizadas só para prolongar o discurso. Cuidado com elas.
Veja
os exemplos abaixo:
Os jovens têm algo a
transmitir aos mais velhos?
Antes de mais nada, não
saberia responder com exatidão. Grosso modo, há sempre uma eterna divergência
entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes, estranho, que chega
a escandalizar os mais velhos... Já os mais velhos, por outro lado, costumam,
na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm
absolutamente nada a transmitir aos mais idosos.
O
exemplo abaixo, extraído de uma redação feita a partir de tema do Vestibular
Unicamp 2002 e divulgado no site da Convest como exemplo de redação anulada:
“Devemos ter em mente que por
trás de inocentes crianças, encontra-se um adulto, que tem por finalidade
receber um capital, sem que esse dependa de seus próprios esforços. Certas
atitudes exdrúxulas de adultos exploradores faz com que o futuro de nosso país
(que são nossas crianças) vá imergindo num “oceano” de problemas, onde a
solução para tais equívocos fique mais distante do que já se encontra".
Além
dos defeitos que apontamos, procure evitar as frases feitas, os chavões, pois
empobrecem muito o texto. Veja alguns exemplos:
"inflação
galopante"
"vitória
esmagadora"
"esmagadora
maioria"
"caixinha
de surpresas"
"caloroso
abraço"
"silêncio
sepulcral"
"nos
píncaros da glória"
ARCAÍSMO:
consiste na utilização de palavras que já caíram em desuso:
Vossa
Mercê me permite um aparte? (em vez de você)
O
boticário não me recomendou este remédio.
(em
vez de o farmacêutico)
BARBARISMO:
consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo
(em vez de protótipo)
rúbrica (em vez de rubrica)
excessão (em vez de exceção)
São
também considerados barbarismos os desvios semânticos (uso de uma palavra
semelhante à que deveria ser empregada):
O
iminente deputado presidiu a sessão. (em vez de eminente)
É
preciso combater com rigor o tráfego de drogas. (em vez de tráfico)
LACONISMO
Característica
oposta à prolixidade; ocorre quando a economia de palavras é tanta que a
compreensão do texto se torna dificílima ou impossível.
NEOLOGISMO:
é a criação desnecessária de palavras novas. Ex.:
*Respondendo aos que o
criticavam, aquele político disse que eram todos neobobos e fracassomaníacos.
Não
é considerado vício de linguagem, nem desnecessário, quando a nova palavra é
criada para designar algo igualmente novo, ou para obter efeito estilístico:
Naquele
estúdio, faziam a remasterização das gravações.
Para
diminuir custos, a empresa resolveu terceirizar os serviços.
Para
ilustrar seu trabalho, é preciso antes escanear estas imagens.
Segundo
Mario Prata, se adolescente é aquele que está entre a infância e a idade
adulta, envelhescente é aquele que está entre a idade adulta e a velhice.
SOLECISMO; Consiste
em desviar-se da norma culta na construção sintática. Ex.:
Fazem dois meses que ele não aparece.
(em vez de faz; desvio na sintaxe de
concordância)
Não espere-me, porque eu não irei.
(em vez de não me espere; desvio na
sintaxe de colocação pronominal)
Assisti o filme que você recomendou.
(em vez de assisti ao filme; desvio na
sintaxe de regência)
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