“Não sei começar!” Essa é uma das frases
que mais ouço quando os meus alunos vão fazer uma redação. Hoje, aprenderemos
que iniciar um texto dissertativo argumentativo não é tão complicado assim.
Primeiramente, temos de saber que
existem muitas técnicas para escrever. Você irá escolher aquela que o fizer
sentir-se mais seguro. Não há problema algum em criar um modelo para o início
do seu texto. O mais importante é você cumprir com os objetivos de um parágrafo
de introdução. Para que uma introdução funcione bem, é preciso realizar dois
procedimentos:
1º)
Apresentar o tema. Esse é o momento em que contextualizamos o leitor a respeito
do assunto que será abordado no texto.
2º)
Formulação de uma TESE, ou seja, um ideia central sobre o tema. A tese
compreende sua opinião acerca do tema.
Antes de trabalharmos as técnicas para
construção do primeiro parágrafo da redação, devemos nos atentar para alguns
conceitos importantes.
*Tese e argumentação
A
tese é a ideia central, lançada na introdução. É o ponto de vista definido
acerca do tema proposto. Ela deverá ser sustentada ao longo do texto, através
de uma argumentação forte e convincente.
* Parágrafo e tópico frasal
O
parágrafo é uma unidade menor do texto, com princípio, meio e fim, que delimita
uma ideia. É marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda
da folha.
O
tópico frasal corresponde à ideia-núcleo do parágrafo. Ele resume a ideia que
será desenvolvida posteriormente. Observe que, no exemplo a seguir, o parágrafo
de introdução é iniciado por um período, que está em destaque, constituindo o
tópico frasal:
Tema: A influência do
tempo na vida do homem
Parágrafo
de introdução:
Analisar
a relação do tempo com o homem moderno é imprescindível. Nesse sentido,
assuntos como o período destinado ao trabalho e a convivência familiar devem
ser aprofundados. É fundamental saber organizar as atividades para que as
prioridades sejam efetivamente atendidas.
O
tópico frasal apresenta a temática que será discutida posteriormente. É a
partir dele que se desenvolve o raciocínio. Note que a tese (opinião)
encontra-se mais precisamente no último período do parágrafo, quando se
ressalta necessidade de se organizar o tempo de uma forma melhor.
Declaração inicial Divisão de assunto Trechos narrativos
Sequência interrogativa
Definição Alusão
histórica
Enumeração de
argumentos
No
parágrafo de introdução, formula-se uma tese - ponto de vista central. É com
base nisso que desenvolvemos as ideias seguintes. Basicamente, os parágrafos de
desenvolvimento têm por propósito confirmar, através de uma argumentação
contundente, o posicionamento lançado no início do seu texto.
Como distribuir os parágrafos?
O
ideal é termos dois ou três parágrafos de desenvolvimento. Cada um deve conter
um argumento, uma ideia-núcleo. A partir de um tópico frasal (frase-síntese),
devemos conduzir o discurso de uma maneira objetiva, clara e convincente.
A
escolha em relação à quantidade de parágrafos deve ser feita de acordo com a
sua aptidão em relação ao tema. Se
tivermos apenas duas ideias fortes que sustentem a tese, não há a menor
necessidade de fazer um terceiro parágrafo de desenvolvimento. A decisão pelo
terceiro parágrafo de desenvolvimento é particular. Tudo vai depender de sua
segurança para escrevê-lo. Lembrem-se de que um argumento superficial ou
redundante prejudica a evolução do texto.
*As estratégias
argumentativas
São
várias as estratégias às quais podemos recorrer na hora de desenvolver as
ideias. Podemos partir de comparações, de referências histórias, de
exemplificações,
Todos nós já escrevemos cartas algum
dia, seja aquela mais tradicional (papel, selinho e tudo mais) ou um e-mail
rápido, para falar sobre as férias ou sobre o que vai cozinhar para o almoço
(!). Entretanto, quando escrevemos para alguém com a intenção de convencê-lo de
alguma coisa por meio da argumentação estamos criando as
chamadas cartas argumentativas.
Veja um exemplo de carta
argumentativa:
Caro Felipão,
Nunca
nos encontramos pessoalmente, mas permita que eu me apresente: me chamo Marcos
Caetano, como você pode ler aí no topo da coluna, e sou cronista esportivo. Mas
isso não é importante, pois além de cronista fui, sou e morrerei torcedor.
Apesar de respeitar os colegas que pensam diferente, confesso que não entendo
os comentaristas que não declaram sua predileção por um time. Se não fosse
torcedor do meu sofrido Tricolor das Laranjeiras, jamais teria me apaixonado
por futebol. E, sem essa paixão, dificilmente teria pensado em escrever sobre o
assunto que é a minha cachaça. Minha e de outros 160 milhões de brasileiros. Do
trabalhador da fábrica da Móoca ao menino de rua que cheira cola na Candelária
e do catador de papel do Recife ao padre da paróquia da sua Caxias do Sul
somos, acredite, todos seguidores da mesma religião: a Seleção Brasileira.
Também
não sou hipócrita de imaginar que você tenha decidido fazer do esporte o seu
ganha pão – primeiro como jogador e agora como técnico – se não fosse por amor.
Somos, portanto, dois apaixonados por futebol. E é puramente nessa condição, de
um apaixonado que vê no velho esporte das botinadas um ponto de referência e
identidade cultural dos brasileiros, que te escrevo estas mal traçadas.
Em
primeiro lugar, sei que eu e os colegas da crônica esportiva vivemos pegando no
seu pé. Mas também sei que você traz no caráter uma qualidade que anda escassa
nesses tempos de crise moral nas lideranças do futebol: você é honesto. E é
impossível deixar de notar o carinho e o respeito que todos os jogadores que
trabalharam contigo têm por você. Portanto, quando escrevo críticas sobre o seu
trabalho, o faço com a certeza de estar me dirigindo a um homem sincero,
preocupado em aprender sempre – e não a um arrogante cheio de empáfia.
Certamente
você tem acompanhado as excelentes partidas da fase decisiva do Campeonato
Brasileiro. E, claro, viu a eletrizante – não há outra palavra para descrever
aquilo – final entre Atlético-PR e São Caetano. São dois times, Felipão, que
chegam a comover pela bravura com que buscam o ataque em qualquer
circunstância. O Atlético buscou mais, e mereceu vencer o jogo. A lógica do
esporte – alguns mencionariam os deuses do futebol – quase sempre acaba
premiando quem é mais corajoso.
Mas não desprezemos o
São Caetano, que está longe de poder ser considerado fora do páreo. O Azulão
teve uma incrível média inferior a um gol por partida no ano – isso sem jogar
com sete ou oito atrás, mas no bom e velho 4-4-2. Se esses times finalistas,
que representam o novo no futebol brasileiro, não fazem retranca, por que a
Seleção deveria fazer? Você apostou na retranca contra Bolívia, Uruguai e
Argentina. E ousou mais contra Chile, Paraguai e Venezuela. Perdemos as três
partidas que jogamos para não perder e ganhamos as três que jogamos para
ganhar.
A
razão da carta, como você já percebeu, é uma só: te pedir que ponha o Brasil
para jogar como os finalistas – no ataque. Essa é a nossa maior tradição, e
traí-la será um crime que não ficará sem castigo na Copa do Mundo. Não sabemos
jogar de outro jeito – e o partidaço da final provou-nos isso uma vez mais. Se
acerte com o Romário. Chame o Djalminha e os Ronaldinhos. Preste atenção no
Kaká e no Alex Mineiro. Contrate o Geninho e o Picerni como auxiliares. Vamos
para cima deles, Felipão! Os brasileiros confiam em você. Confie também na
gente quando pedimos um time ofensivo. Se ainda estiver em dúvida, ligue a
televisão de novo no próximo domingo. O Azulão precisa vencer por dois gols de
diferença – e vem mais futebol brasileiro por aí.
Porque também no
esporte, como dizia o Vinícius, meu amigo, só resta uma certeza: é preciso
acabar com essa tristeza. É preciso inventar de novo o amor.
CAETANO, Marcos. In: Jornal do
Brasil. 17 dez. 2001.
Faz-se necessário lembrar que quando
você, estudante, escrever uma carta argumentativa em um vestibular ou concurso
público, deverá obedecer uma estrutura básica:
·
A primeira coisa que você deve fazer
antes de escrever uma carta é ler atentamente a proposta de redação.
Seja preciso ao identificar o(s) interlocutor(es); destaque os diferentes
pontos de vista e pense bem em quais argumentos irá usar na sua redação.
·
Depois de ler atentamente a proposta,
comece a escrever o rascunho da sua carta argumentativa. Enumere seus argumentos e
explique-os de forma clara e objetiva (lembre-se que o objetivo da carta é
persuadir o leitor).Construa a imagem do interlocutor, faça um
levantamento de tudo o que você sabe sobre ele (sua origem, sua função na
sociedade, suas opiniões etc).
Não se esqueça de que sua carta
argumentativa deve conter:
·
Local e data;
·
Vocativo apropriado;
·
Corpo do texto;
·
Bons argumentos que fundamentem suas
opiniões/ reivindicações;
·
Linguagem de acordo com o perfil do(s)
interlocutor(es);
·
Despedida e assinatura.
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