sábado, 24 de maio de 2014

“Não sei começar!” Essa é uma das frases que mais ouço quando os meus alunos vão fazer uma redação. Hoje, aprenderemos que iniciar um texto dissertativo argumentativo não é tão complicado assim.

Primeiramente, temos de saber que existem muitas técnicas para escrever. Você irá escolher aquela que o fizer sentir-se mais seguro. Não há problema algum em criar um modelo para o início do seu texto. O mais importante é você cumprir com os objetivos de um parágrafo de introdução. Para que uma introdução funcione bem, é preciso realizar dois procedimentos:

1º) Apresentar o tema. Esse é o momento em que contextualizamos o leitor a respeito do assunto que será abordado no texto.

2º) Formulação de uma TESE, ou seja, um ideia central sobre o tema. A tese compreende sua opinião acerca do tema.

 Antes de trabalharmos as técnicas para construção do primeiro parágrafo da redação, devemos nos atentar para alguns conceitos importantes.
*Tese e argumentação
A tese é a ideia central, lançada na introdução. É o ponto de vista definido acerca do tema proposto. Ela deverá ser sustentada ao longo do texto, através de uma argumentação forte e convincente.
* Parágrafo e tópico frasal
O parágrafo é uma unidade menor do texto, com princípio, meio e fim, que delimita uma ideia. É marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda da folha.
O tópico frasal corresponde à ideia-núcleo do parágrafo. Ele resume a ideia que será desenvolvida posteriormente. Observe que, no exemplo a seguir, o parágrafo de introdução é iniciado por um período, que está em destaque, constituindo o tópico frasal:
Tema: A influência do tempo na vida do homem
Parágrafo de introdução:
Analisar a relação do tempo com o homem moderno é imprescindível. Nesse sentido, assuntos como o período destinado ao trabalho e a convivência familiar devem ser aprofundados. É fundamental saber organizar as atividades para que as prioridades sejam efetivamente atendidas.
O tópico frasal apresenta a temática que será discutida posteriormente. É a partir dele que se desenvolve o raciocínio. Note que a tese (opinião) encontra-se mais precisamente no último período do parágrafo, quando se ressalta necessidade de se organizar o tempo de uma forma melhor. 
Declaração inicial                  Divisão de assunto                     Trechos narrativos
Sequência interrogativa         Definição                                    Alusão histórica
Enumeração de argumentos


No parágrafo de introdução, formula-se uma tese - ponto de vista central. É com base nisso que desenvolvemos as ideias seguintes. Basicamente, os parágrafos de desenvolvimento têm por propósito confirmar, através de uma argumentação contundente, o posicionamento lançado no início do seu texto.
 Como distribuir os parágrafos?
O ideal é termos dois ou três parágrafos de desenvolvimento. Cada um deve conter um argumento, uma ideia-núcleo. A partir de um tópico frasal (frase-síntese), devemos conduzir o discurso de uma maneira objetiva, clara e convincente.
A escolha em relação à quantidade de parágrafos deve ser feita de acordo com a sua aptidão em relação ao tema.  Se tivermos apenas duas ideias fortes que sustentem a tese, não há a menor necessidade de fazer um terceiro parágrafo de desenvolvimento. A decisão pelo terceiro parágrafo de desenvolvimento é particular. Tudo vai depender de sua segurança para escrevê-lo. Lembrem-se de que um argumento superficial ou redundante prejudica a evolução do texto.
*As estratégias argumentativas
São várias as estratégias às quais podemos recorrer na hora de desenvolver as ideias. Podemos partir de comparações, de referências histórias, de exemplificações,
Todos nós já escrevemos cartas algum dia, seja aquela mais tradicional (papel, selinho e tudo mais) ou um e-mail rápido, para falar sobre as férias ou sobre o que vai cozinhar para o almoço (!). Entretanto, quando escrevemos para alguém com a intenção de convencê-lo de alguma coisa por meio da argumentação estamos criando as chamadas cartas argumentativas.


Veja um exemplo de carta argumentativa:

Caro Felipão,


Nunca nos encontramos pessoalmente, mas permita que eu me apresente: me chamo Marcos Caetano, como você pode ler aí no topo da coluna, e sou cronista esportivo. Mas isso não é importante, pois além de cronista fui, sou e morrerei torcedor. Apesar de respeitar os colegas que pensam diferente, confesso que não entendo os comentaristas que não declaram sua predileção por um time. Se não fosse torcedor do meu sofrido Tricolor das Laranjeiras, jamais teria me apaixonado por futebol. E, sem essa paixão, dificilmente teria pensado em escrever sobre o assunto que é a minha cachaça. Minha e de outros 160 milhões de brasileiros. Do trabalhador da fábrica da Móoca ao menino de rua que cheira cola na Candelária e do catador de papel do Recife ao padre da paróquia da sua Caxias do Sul somos, acredite, todos seguidores da mesma religião: a Seleção Brasileira.
Também não sou hipócrita de imaginar que você tenha decidido fazer do esporte o seu ganha pão – primeiro como jogador e agora como técnico – se não fosse por amor. Somos, portanto, dois apaixonados por futebol. E é puramente nessa condição, de um apaixonado que vê no velho esporte das botinadas um ponto de referência e identidade cultural dos brasileiros, que te escrevo estas mal traçadas.
Em primeiro lugar, sei que eu e os colegas da crônica esportiva vivemos pegando no seu pé. Mas também sei que você traz no caráter uma qualidade que anda escassa nesses tempos de crise moral nas lideranças do futebol: você é honesto. E é impossível deixar de notar o carinho e o respeito que todos os jogadores que trabalharam contigo têm por você. Portanto, quando escrevo críticas sobre o seu trabalho, o faço com a certeza de estar me dirigindo a um homem sincero, preocupado em aprender sempre – e não a um arrogante cheio de empáfia.
Certamente você tem acompanhado as excelentes partidas da fase decisiva do Campeonato Brasileiro. E, claro, viu a eletrizante – não há outra palavra para descrever aquilo – final entre Atlético-PR e São Caetano. São dois times, Felipão, que chegam a comover pela bravura com que buscam o ataque em qualquer circunstância. O Atlético buscou mais, e mereceu vencer o jogo. A lógica do esporte – alguns mencionariam os deuses do futebol – quase sempre acaba premiando quem é mais corajoso.
Mas não desprezemos o São Caetano, que está longe de poder ser considerado fora do páreo. O Azulão teve uma incrível média inferior a um gol por partida no ano – isso sem jogar com sete ou oito atrás, mas no bom e velho 4-4-2. Se esses times finalistas, que representam o novo no futebol brasileiro, não fazem retranca, por que a Seleção deveria fazer? Você apostou na retranca contra Bolívia, Uruguai e Argentina. E ousou mais contra Chile, Paraguai e Venezuela. Perdemos as três partidas que jogamos para não perder e ganhamos as três que jogamos para ganhar.
A razão da carta, como você já percebeu, é uma só: te pedir que ponha o Brasil para jogar como os finalistas – no ataque. Essa é a nossa maior tradição, e traí-la será um crime que não ficará sem castigo na Copa do Mundo. Não sabemos jogar de outro jeito – e o partidaço da final provou-nos isso uma vez mais. Se acerte com o Romário. Chame o Djalminha e os Ronaldinhos. Preste atenção no Kaká e no Alex Mineiro. Contrate o Geninho e o Picerni como auxiliares. Vamos para cima deles, Felipão! Os brasileiros confiam em você. Confie também na gente quando pedimos um time ofensivo. Se ainda estiver em dúvida, ligue a televisão de novo no próximo domingo. O Azulão precisa vencer por dois gols de diferença – e vem mais futebol brasileiro por aí.
Porque também no esporte, como dizia o Vinícius, meu amigo, só resta uma certeza: é preciso acabar com essa tristeza. É preciso inventar de novo o amor.


CAETANO, Marcos. In: Jornal do Brasil. 17 dez. 2001.


Faz-se necessário lembrar que quando você, estudante, escrever uma carta argumentativa em um vestibular ou concurso público, deverá obedecer uma estrutura básica:
·             A primeira coisa que você deve fazer antes de escrever uma carta é ler atentamente a proposta de redação. Seja preciso ao identificar o(s) interlocutor(es); destaque os diferentes pontos de vista e pense bem em quais argumentos irá usar na sua redação.
·             Depois de ler atentamente a proposta, comece a escrever o rascunho da sua carta argumentativa. Enumere seus argumentos e explique-os de forma clara e objetiva (lembre-se que o objetivo da carta é persuadir o leitor).Construa a imagem do interlocutor, faça um levantamento de tudo o que você sabe sobre ele (sua origem, sua função na sociedade, suas opiniões etc).


Não se esqueça de que sua carta argumentativa deve conter:

·             Local e data;
·             Vocativo apropriado;
·             Corpo do texto;
·             Bons argumentos que fundamentem suas opiniões/ reivindicações;
·             Linguagem de acordo com o perfil do(s) interlocutor(es);
·             Despedida e assinatura.




Nenhum comentário:

Postar um comentário